14 de dezembro de 2021

#45 Lendas do Surf com Daniel Friedman e Fedoca Lima

Para comemorar nosso primeiro selo do @spotifybrasil na categoria #sports convidamos duas lendas do surfe para resgatar junto com a nossa bancada, momentos da década de 60 e 70, relembrar histórias desses dois caras que viveram tudo isso e mais um pouco @delfriedmann e @fedocalimaphoto.

No final dos anos 1960 surgia uma geração que mudaria os rumos do surfe no Brasil, além de influenciar vários surfistas ao longo da década seguinte.

Esta geração era composta por surfistas cariocas como Daniel Friedmann, Ricardo Bocão, Otavio Pacheco, Rico de Souza e muitos outros. Alguns destes surfistas estavam muito à frente da galera de outros estados, fazendo a diferença e ganhando muitos campeonatos.

Hoje tenho o prazer de poder contar um pouco da historia de um destes gigantes, Daniel Friedmann!

Daniel José Friedmann, nascido em 27 de fevereiro de 1956 na cidade do Rio de Janeiro, começou sua vida no surfe muito cedo, com apenas 11 anos de idade. Com apoio da família (cito isto, pois naquela época não havia muitas famílias apoiando os filhos a surfar), Daniel surfava praticamente diariamente em Copacabana, caindo em frente ao posto Texaco.

Ele surfava de Planonda e logo em seguida começou com uma prancha de madeirite, mas sofreu um acidente e ficou um tempo só usando pranchas emprestadas de amigos. A sua primeira prancha de fibra de vidro foi uma São Conrado de duas longarinas. Deste momento em diante, rapidamente já se destacava como um surfista de personalidade, estilo próprio e um surfe acima da média para época.

Em 1972, aos 16 anos, Daniel, em uma viagem despretensiosa com amigos para Ubatuba, resolveu competir no Campeonato Brasileiro Júnior, terminando com um honroso terceiro lugar. Ele conta que aquele momento mudaria sua vida.

“Logo após ter ficado em terceiro lugar decidi que queria competir direto”, diz. Foi a partir deste momento que ganhou confiança para seguir com seu objetivo nas competições. Logo em seguida, já de volta ao Rio, Friedmann venceu o importante Campeonato Carioca Píer. Aí ele começou a perceber que o “bichinho” do surfe já o havia mordido e não faltava talento para seguir competindo.

Em 1973 fez sua primeira viagem de surfe ao Peru, aonde aprimorou ainda mais seu estilo, voltando ao Brasil para uma sequência de bons resultados em diversos campeonatos.

Alguns eventos se passaram e, em 1976, já mais maduro e com um surfe polido, Daniel partiu para Saquarema em busca do titulo de campeão brasileiro. Este campeonato era o mais importante campeonato do Brasil na época, e também ficou marcado como o Woodstock tupiniquim, por contar com apresentações épicas de nomes como Raul Seixas e Rita Lee. Na verdade foi bem mais que um campeonato de surfe, um verdadeiro festival!

De um lado da final Daniel surfando impecavelmente e de outro, não menos, Paulo Proença. Nos últimos segundos, Daniel venceu a disputa e sagrou-se campeão brasileiro em Saquarema. Foi uma das finais mais incríveis que o surfe brasileiro já assistiu!

Naquele momento Daniel decidiu ser surfista profissional. Organizou-se a ponto de conseguir um contrato de patrocínio com boa compensação financeira da marca de cervejas Brahma, abrindo as portas para que outros ótimos surfistas da época também tivessem seus patrocínios. Isto fez com que o surfe começasse a se profissionalizar no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro.

No ano seguinte, em 1977, veio mais um resultado importantíssimo para ele e para o surfe brasileiro. Em outra final incrível, ele venceu o também carioca Pepê Lopes na final do celebrado Waimea 5000, realizado no Quebra-Mar, Barra da Tijuca. O evento fez parte do circuito mundial da IPS (International Professional Surfers),  título desejado por brasileiros, australianos, havaianos e californianos.

Mas foi na Austrália, em 1980, que Daniel quebrou uma barreira importantíssima. Convidado a disputar o campeonato australiano em Stradbroke Island, ele venceu a final contra o australiano Dominic Zap Wibrow. Imagine um brasileiro vencer dentro da casa do povo mais competitivo do planeta e em um esporte no qual a supremacia aussie era total. Daniel venceu e convenceu, colocando o Brasil no mapa do surfe mundial definitivamente.

Colecionador de títulos, ele venceu mais de 20 campeonatos e fez mais de 30 finais.

Em uma vida totalmente dedicada ao surfe, Daniel começou a fazer pranchas muito cedo, em 1973, aos 17 anos. Com o tempo tornou-se um respeitado shaper. Sempre se dedicou e estudou a hidrodinâmica de suas pranchas, virando um profundo conhecedor da arte de shapear pranchas. Inovador, hoje em dia Daniel é considerado um dos melhores shapers de longboard do Brasil e também muito reconhecido internacionalmente. Fazendo pranchas há mais de 45 anos e em constante evolução.

Em uma vida totalmente dedicada ao surfe, Daniel começou a fazer pranchas muito cedo, em 1973, aos 17 anos. Com o tempo tornou-se um respeitado shaper. Sempre se dedicou e estudou a hidrodinâmica de suas pranchas, virando um profundo conhecedor da arte de shapear pranchas. Inovador, hoje em dia Daniel é considerado um dos melhores shapers de longboard do Brasil e também muito reconhecido internacionalmente. Fazendo pranchas há mais de 45 anos e em constante evolução.

Daniel continua influenciando gerações e gerações. Mas quem foram seus influenciadores? E os surfistas que ele mais admira? Em uma conversa enriquecedora, ele respondeu assim:

“Sem dúvidas no quesito estilo e atitude um dos meus surfistas favoritos foi o havaiano Gerry Lopez, ele inspirou uma geração inteira. Larry Bertlemann também, por toda modernidade e estilo. Entre surfistas brasileiros tive forte influência do Domingos, que tinha um talento fora da curva. Outro surfista pouco comentado nos dias de hoje, mas que surfava muito e me influenciou diretamente, foi Paulo Aragão”, contou Friedmann.

“Das gerações mais recentes, e que me fez realmente parar e prestar atenção foi Fabio Gouveia, sem dúvidas um dos maiores surfistas de todos os tempos do Brasil. Dono de um estilo lindo, com manobras incríveis. Sempre que está surfando e tenho a chance, paro tudo para assisti-lo”, revela o shaper.


Fedoca Lima

Fernando Lima, o Fedoca, é um cara cheio de histórias pra contar. Nascido no Posto 5 de Copacabana, ele acompanhou de perto o início do surfe no Brasil, entre o Arpoador e o Píer de Ipanema, e registrou como poucos o que aconteceu nas praias cariocas entre as décadas de 1960 e 1980.

Aos 11 anos, comprou uma madeirite na famosa Serraria Arpoador e não quis mais sair da água. Além de se divertir nas marolas, ele também passou a registrar tudo o que acontecia na praia ao seu redor. Na mesma época, ele ganhou uma Kodak Rio 400 antiga do pai fotógrafo, durante uma viagem para Ouro Preto. Filho de peixe, foi logo aprendendo o que era diafragma, velocidade, ISO, foco e iluminação. Em 68, resolveu levar a prática mais a sério e, no verão seguinte, ganhou uma teleobjetiva 300mm.

“De cara, fotografei a Rainha Elizabeth, o Mick Jagger, o surfe… Tudo misturado.”

Sem saber, Fedoca documentou de perto o que ficaria conhecido como a revolução da cultura de praia no Brasil. De 1968 a 1971, ele fotografou de tudo: garotas de biquíni, hippies, surfistas e doidões que viviam na praia. Junto com Gustavo Carreira, foi um dos primeiros fotógrafos de surfe do país. No verão de 71, passou a fotografar surfe profissionalmente e a vender fotografias para os amigos Betão, Ricardo Bocão e Otávio Pacheco. “Tem gente me devendo até hoje!”, brinca.

Apesar de não poder bancar os melhores equipamentos da época, suas imagens eram realmente espetaculares, e não ficavam nem um pouco atrás das fotografias das grandes revistas gringas.

O Píer de Ipanema foi um ícone para a geração carioca nos anos 70. A construção mudou a morfologia do solo e, por isso, a qualidade das ondas. “A gente pegava onda no Arpoador e começou a ver aquela construção tomando vulto e a ouvir que tinha onda lá. Em 71, no meio do primeiro campeonato de pranchinha do Rio, o mar baixou e a gente resolveu dar uma olhada no píer. Essa “olhadinha” durou 3 anos, o campeonato acabou e ninguém mais voltou pro Arpex.”

Observem que neste episódio a bancada quase não falou nada e ainda assim, os caras não conseguiram contar tudo heheheh mas já digo para vocês que em breve teremos mais um longo episódio falando sobre a década de 80 e 90 carimbando o retorno do longboard com mais um convidado super especial e figuraaaaaçaa 🎙🎧🌊🍃

Se gostou, compartilha com os amigos. A gente se vê na água!

🎙Na bancada
@petersonsitonio
@tiago.bulhoes
@moniquengarcia (ainda de férias)

🎵 @mad.haoles
📷 Acervo de Fedoca

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Apoio @centerfins @evolutionboard

Texto matéria do Kemmel Addas Neto, retirado do Waves.

Autor: culturalongboard

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