“É um clube em homenagem a Márcio Freire, surfista baiano de ondas grandes que faleceu após um acidente enquanto surfava em Nazaré, Portugal. Então, é um espaço que terá aproveitamento. Os surfistas vão poder guardar suas pranchas, ir à praia, terão um espaço para discutir a questão do surfe, que já tinha muita força e, com as Olimpíadas, ganhou ainda mais visibilidade. O local terá toda a infraestrutura de apoio aos surfistas das praias de Jaguaribe e Pituaçu, que são locais muito frequentados por praticantes dessa modalidade esportiva”, explica a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield.
O projeto foi desenvolvido pela FMLF e entregue à Superintendência de Obras Públicas do Salvador (Sucop) – órgão vinculado à Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). A previsão é de que a construção seja concluída ainda este ano. “Vai ser um marco, pois é o primeiro espaço do surfe que a gente tem aqui em Salvador. A capital, com toda essa área de mar, ainda não tinha um espaço para o surfista que marcasse e que tivesse a identidade com essa categoria de esporte”, complementa Tânia.
Melhorias – Representante da Federação Baiana de Surf, Danilo Reis, de 45 anos, conta que esse é um espaço bastante importante para a modalidade. “O surfe é um dos maiores esportes do nosso país. Nós aqui da Bahia temos um celeiro de bons surfistas e de história do surfe. Temos um exemplo bom que é Armando Daltro, campeão de WQS de 2000, que já participou da elite do surf mundial; Jojó de Olivença, bicampeão brasileiro; Christiano Spirro e, ainda em atividade, o Bino Lopes, campeão brasileiro de surf. Então nada mais justo que dar uma atenção a essa modalidade”, opina.
Ele avalia o surfe como um esporte que está crescendo cada dia mais e que precisa ser mais valorizado. No cenário nacional, acrescenta, o Brasil é o atual campeão mundial do surf com Filipe Toledo, campeão em 2023.
“Acho muito necessário o clube, pois os surfistas guardam os pertences nas barracas, tendo que pedir aos barraqueiros. Então, eu acho superválido ter um espaço legal e seguro para guardar os objetos pessoais, tomar um banho”, diz.
Campeão do circuito mundial em 2000, Armando Daltro, 51 anos, é também proprietário da Escola de Surf que carrega o seu nome em Jaguaribe. A escola vai fazer 20 anos e conta com uma média de 300 alunos frequentes e mais alguns avulsos. “Temos uma orla muito grande, tanto a de Salvador como a da Bahia como um todo, então, o estado tem possibilidade de crescer muito mais no surfe”, afirma.
“Esse espaço deve ser um pontapé inicial para a criação de estruturas que facilitem a vida do praticante, tanto aquele que tem bom poder aquisitivo como o que não tem. Vai ser mais fácil guardar o equipamento e também uma alternativa para muitos profissionais liberais que querem fazer surfe de manhã cedo, pois vai proporcionar melhor estrutura e segurança”, destaca.
Com isso, ele acredita que o clube pode ser um incentivo tanto para quem já é praticante como para quem tem vontade, mas ainda não é. “Há quem não pratique o surfe, devido às dificuldades para tomar banho, trocar de roupa e guardar o material. Eu considero, portanto, uma ação inicial para melhorar a estrutura de recebimento desse tipo de praticante. E é um projeto que futuramente pode abranger também o stand up paddle e o kitesurf que são modalidades que dependem da proximidade da praia e de um local seguro para guardar os equipamentos”.
Professor de Educação Física e surfista da região de Jaguaribe, Max Pessoa, 38 anos, conta que a obra vai atender a um anseio dos surfistas. “Era uma carência nossa um espaço como esse. Acho uma iniciativa muito importante que vai valorizar mais o nosso esporte e trazer mais segurança para a nossa praia. Eu acho que vai ser um marco não só para a Praia de Jaguaribe, mas para toda a cidade”.
Requalificação – O Clube do Surf faz parte das obras de requalificação da orla de Pituaçu, que já estão 70% concluídas. Entre os equipamentos urbanos a serem implantados na região estão 25 quiosques, sendo 13 unidades para utilização como bares e restaurantes, seis para venda de coco verde e seis para baianas de acarajé. Parte dessas estruturas já foi erguida. Além disso, o projeto contempla a construção de unidades de academias ao ar livre, parques infantis, novas quadras de beach tênis, além de uma contenção em alvenaria de pedra.
Para atender questões de acessibilidade, lazer e serviços comerciais, a requalificação envolve a construção de calçadões e rampas de acesso integradas. Prevê ainda a implantação de um parque linear com jardim através de uma passarela interligada ao Parque de Pituaçu. Na prática, toda a obra proporcionará melhora na mobilidade, com adequações viárias na orla marítima para conforto de pedestres, ciclistas e automóveis.
Texto: Priscila Machado/ Secom PMS
Autor: culturalongboard