10 de dezembro de 2022

Longboard Power

Já vem chegando 2023 e vamos começar, outra vez, mais uma nova volta no sol. Ocorre que a polaridade se instalou na população do nosso planeta azul e, a cada dia que passa, mais parece que isso veio para ficar.

As ideias e ideais se deslocam facilmente para lados opostos… e, logo, se apresentam inconciliáveis.

É triste ver e saber de famílias discutindo, se afastando e criando “panelas” de uns contra outros.

Esse fenômeno infeliz tem se arrastado por quase todos os outros lugares de convivência humana: no trabalho, na escola, na rua, no hospital, no clube, no comércio, até na igreja e, sobretudo, na internet.

Curioso é que, dias atrás, estive observando e refletindo: esse distanciamento belicoso não se verifica na prática do surf. Afinal, qualquer fundamentalista, radical, extremista ou intolerante tem que ceder ao efeito agregador do pico… Ora, ninguém quer ficar longe ou fora do point das ondas boas, na janela de tempo do swell e nas nossas valiosas chances de surfar.

Daí, opositores, adversários, antagonistas e competidores têm que mitigar a ânsia pela fácil solução da separação física perante às diversas polêmicas da moda, que também tocam aos surfistas e, assim, com toda atenção à etiqueta e à educação que a comunidade surf impõe e exige de todos, indistintamente, acabam preferindo aderir conformados à necessidade de se frequentarem, para compartilharem as vagas e, com isso, terminam por se observarem mutuamente e esperarem chegar a vez de cada um, enfim… seguem convivendo pacificamente naquele tempo e local, se respeitando e se tolerando, para desfrutarem de um bem maior comum: as ondas. Correndo tudo da forma boa e certa como sempre foi e como deve ser!

Aliás, a filosofia antiga, passando por Cícero, Santo Agostinho e Tomás de Aquino é uníssona em considerar que “povo não é qualquer reunião de homens de qualquer modo, mas é a reunião de uma multidão ao redor do consenso do direito e dos interesses comuns”. Ou seja, SOMOS O POVO DO SURF!

No que tange ao nosso direito, dentre as “opções vigaristas”, temos como mais comuns, o ato de raberar ou fazer a volta (snake), práticas essas não aceitas, sendo que o abuso delas configuram-se como vantagens desleais e costumam desaguar em sérias consequências. O respeito é bom e preserva os dentes.

O certo é imaginar uma fila ou observar os critérios de prioridade, respeitando a vez de cada surfista na água, além, é claro, de disputar melhores chances das ondas no mérito, na remada forte e na melhor posição como detentor da onda, dropando-a no pico.

Nessa hora a condição física para uma melhor e anterior remada, a inteligência e a experiência do melhor posicionamento n’água e a escolha da melhor onda, sua direção e timing, além da técnica para, já na onda, surfar até a beira executando manobras, são os fatores que farão toda a diferença e definirão aquele que se dará melhor naquela “caída”.

Além disso tudo, muitos aqui sabem, existe um fator preponderante nesse cotejo: a prancha. 

Isso porque, sabemos bem, é significativa a diferença que se experimenta com a confortável e vantajosa remada de um longboard clássico perante a de uma serelepe pranchinha; coitadinha, quase afogada com seus poucos litros (de volume)! Portanto, quanto mais inexperiente e sem condicionamento for o surfista, pior é a performance da sua tablita de performance. E é justamente aí que está o segredo! O LONGBOARD POWER!

Um bom longboard é capaz de encerrar e ainda se sobrepor a qualquer polaridade. Ele flutua mais, vem lá do fundo e “passa por cima”!

Pronto! Agora você já sabe! Se alguém vier te encher a cabeça de que a ideia dele é melhor que a sua, não discuta, pegue seu long e chame o desalinhado para ir surfar contigo… ou mesmo vá surfar sozinho no seu pico de boas ondas.

O resultado será melhor do que uma discussão, cuja maior chance é o aumento de uma discordância infinda e o alargamento do fosso entre vocês.

No surf isso não acontece. Ambos ficarão satisfeitos e felizes. Sendo que aquele que tem o longboard vai sair ainda mais feliz e satisfeito. Garanto!

E, nunca se esqueça, O MELHOR SURFISTA É O QUE MAIS SE DIVERTE!

Que venha 2023! AGORA É LONGBOARD POTÊNCIA!

Autor: Angelo Miguel de Carvalho Jr.

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